Uma partida de FIFA?

Todos aqueles que se aventuraram pelo mundo dos videojogos de futebol já chegaram ao momento de escolher uma equipa. Nesse momento, de olhos pregados no ecrã, o jogador torna-se um autêntico mister com formação em estatística avançada e todos querem escolher a melhor equipa para vencer o desafio virtual.

Nos zeros e uns que compõem estes simuladores de partidas de futebol não há volta a dar: a confiança de Cristiano Ronaldo, a velocidade de William Carvalho ou os reflexos de Rui Patrício não passam de números que determinarão o desempenho desse jogador em campo.

Nos “jogos a sério” há mais fatores a determinar o resultado, mas se o Uruguai-Portugal deste sábado fosse uma partida no popular videojogo de futebol FIFA’18, o mais provável é que as duas equipas se anulassem em campo.

Os dados recolhidos pela Renascença da última versão do jogo mostram que os 23 convocados por Fernando Santos são muito parecidos com os 23 representantes da seleção do Uruguai neste Mundial.

Ainda assim, Portugal vence em quase todas as características: temos mais pontos de remate, passe, drible e defesa, mas ficamos atrás dos uruguaios na força física. Se dependermos da velocidade dos nossos jogadores é que a coisa fica complicada: os 20 jogadores de campo, tanto de Portugal como do Uruguai, têm a mesma velocidade média, 75 pontos para cada lado.

Mas vamos à estrela da companhia. Se Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo, os números do popular videojogo tinham de refletir isso. Ronaldo, na Play Station, tem um remate a roçar a perfeição, bem como uma velocidade e capacidade de drible de deixar a equipa do Uruguai atordoada. Faltam-lhe pontos de defesa (apenas 33 pontos), mas não é para isso que o queremos em campo.

Do outro lado está Luis Suárez, antecipando aquilo que promete ser o duelo mais entusiasmante da partida. Na consola, o craque do Real Madrid vence em passe, drible, remate e velocidade. O ponta-de-lança do Barcelona impõe-se apenas no físico e na defesa. Quer isto dizer que, na hora de alvejar a baliza, os portugueses podem estar mais confiantes que os uruguaios.

Afinal, somos nós que temos o melhor do mundo.

Na baliza mando eu

Apesar de os onzes iniciais ainda não terem sido revelados, pode dizer-se com certeza que, salvo lesão, Rui Patrício e Fernando Muslera serão a primeira opção dos respetivos selecionadores.

Os postes da baliza onde Portugal tem de marcar para passar são guardados por um guarda-redes experiente e completo. Os pontos forte de Muslera são a agilidade (81) e os reflexos (83).

Para defender os remates das estrelas mundiais Edinson Cavani e Luis Suárez, Rui Patrício terá de servir-se da sua grande agilidade. Contudo, como guardião completo que é, o novo reforço do Wolverhampton amealha 80 ou mais pontos em todos os parâmetros, menos dois: posicionamento (79) e velocidade (55).

Curiosamente, porém, o guarda-redes português que o FIFA melhor pontua não é Patrício. Quem merece essa honra é o número dois, Anthony Lopes. Com impressionantes 86 pontos de agilidade e 87 de reflexos, o guardião do Lyon só não supera Patrício no pontapé (74) e no jogo de mãos (80). No entanto, se dúvidas houvesse quanto à sua titularidade, Patrício dissipou-as com as grandes defesas colecionadas diante de Marrocos.

Mais alto, mais rápido, mais forte

Cada parâmetro é testamento da especialidade dos jogadores de campo. O mais rápido, entre as duas equipas, é Gelson Martins, cuja velocidade está classificada em 94. O mais lento de todos também é português: o veterano José Fonte, com 43 pontos. A dar razão às críticas, William Carvalho é o mais lento do meio-campo para a frente: 53 de velocidade.

Os líderes da defesa de cada equipa são Pepe e Godín. Para o FIFA, os dois centrais estão muito igualados. O português tem melhor físico e remate, enquanto o uruguaio lidera no passe, no drible e na defesa. Os dois têm exatamente a mesma pontuação (67) de velocidade.

O problema, para Portugal, surge quando se comparam os parceiros. Giménez supera José Fonte em defesa, físico, velocidade e remate. O português é melhor a passar e a driblar.

Nas laterais, as estatísticas de Raphael mostram que o português é um lateral muito mais ofensivo que Cáceres, cuja posição original até é a de defesa-central. Os portugueses podem ficar descansados com a lateral-direita: Cédric supera Varela em todos os parâmetros e até goleia no remate, 66 para 34.

No meio-campo, Portugal volta a vencer. William supera Bentancur em tudo menos no drible (por escassos três pontos) e na velocidade, enquanto Moutinho e Vecino são muito semelhantes. A seleção das “quinas” tem dois virtuosos, Bernardo e Quaresma, que competem pelo mesmo lugar. Ambos superam Nández na componente ofensiva (passe, remate, drible e velocidade) e perdem no físico e na defesa. Não se pode é pedir ao “Harry Potter” que ajude a defender, uma vez que é, entre as duas equipas, o jogador com pior pontuação nesse sentido: apenas 18. Por outro lado, com 69 pontos, Nández defende praticamente como se de um defesa se tratasse.

No ataque, CR7 é nome indiscutível, mas Gonçalo Guedes e André Silva correm por um lugar no onze de Fernando Santos, ao lado do capitão. Quando comparados com Cavani, companheiro de aventuras “charrúas” de Suárez, é Guedes quem sai a ganhar. André tem três “stats” muito parecidos com os de Cavani, embora perca claramente em passe, físico e remate. Ao passo que Guedes goleia na velocidade, é goleado no físico e no remate e é muito semelhante ao atacante do PSG nos restantes parâmetros.

Mas isto é tudo na consola.